Taxonomia: Siderasis fuscata (Lodd. et al.) H. E. Moore;
Mundialmente conhecida como: Brown Spiderwort (Erva de Aranha-marrom, ou Toca de Aranha-marrom) e Bear Ears (Orelhas de Urso);
Família: Commelinaceae;
Origem: Sul e Sudeste do Brasil (lá fora, eles classificam a origem como Brasil Oriental).
É catalogada e citada pelos especialistas como erva rizomatosa, formando touceiras, revestida por pilosidade castanho-avermelhada (exceto nas pétalas), sem caule aéreo visível. Inflorescências no centro da roseta de folhas. Ocorre no sub-bosque de florestas, entre 200 e 400m acima do nível do mar. Seu método de propagação é obtido pela divisão de rizomas, tubérculos, bulbos ou touceiras – como queira - (incluindo deslocamentos). Adequada para o cultivo em ambientes fechados, sua necessidades de água é média, mantendo a rega regularmente e não excessiva, e seu crescimento é perene, aglutinando rosetas.
Embora seja cultivada principalmente por suas folhas (recoberta de finos pêlos), a trapoeraba marrom (Brown Spiderwort) tem atraentes flores roxas, de até 1 polegada de diâmetro (2,5 cm). A temperatura ambiente ideal ao cultivo varia de 10 a 24°C, sob alta umidade. Na natureza, vegeta em turfa. É muito utilizada em paisagismo. Devem ser cultivadas apenas em locais à meia-sombra e protegidos, além de serem sensíveis às baixas temperaturas das épocas frias. É recomendada a aplicação de fertilizantes granulosos, deixados sobre a turfa, ao redor do vaso, longe de onde saem as folhas, de preferência no início da primavera. Há quem indique regar com água morna e cal virgem para evitar a coloração das folhas, mantendo assim a planta sempre arbustiva, mas sobre isso vou perguntar aos especialistas para confirmar. Já ouvi falar de regar Violetas com água quente para melhor floração, mas não sei até onde é mito ou realidade (vou confirmar essas coisas e trarei respostas)!
Naturalmente, ela mora na Floresta Atlântica, nas *turfas, provavelmente nos pés de grandes árvores próximas aos vales e montanhas (nas próximas caminhadas, vou andar com olhos atentos), onde a umidade é praticamente permanente! Nas floriculturas, os vendedores referem-se a Siderasis como Violeta Silvestre.
Costumo dizer que as plantas devem ser cultivadas sob métodos caseiros (casa, apartamento, jardim etc) o mais próximo possível das condições naturais da origem da planta! Ai está uma das grandes importâncias de saber o nome correto da planta que temos, pois com isso, o Google ajuda bastante, mostrando onde ela ocorre na natureza, suas origens e até mesmo relatos sobre experiências de métodos de cultivo. Não são regras, pois há orquídeas, por exemplo, que nascem e proliferam em galhos de árvores, mas temos elas em vasos, onde bem cultivadas nos trazem belas flores como as orquídeas do gênero Gomesa, entre outras tantas.
Esta foto em fiz em nov/2007 do mesmo vaso de plástico que ela está hoje! |
Há indícios de ocorrência natural nos arredores do Corcovado, Rio de Janeiro, e claro na nossa Serra do Mar, local perfeito para ela, sua origem nativa.
Pelo mundo, há relatos de aficionados pela planta, como um morador de Anchorage, no Alasca: “Há 20 anos atrás, passei num viveiro, vi uma spiderwort solitária, e a trouxe comigo. Dentro de casa, ela prosperou não importava o lugar! Ocasionalmente vinha uma única flor azul e uma ou outra nova folha, sempre lenta. Mudei-me para a Filadélfia, onde a planta fica feliz na luz indireta vinda do leste pela janela do banheiro. Ela claramente gosta de umidade, embora pareça preferir ficar um pouco seca. É uma planta pouco exigente, com forte vontade de viver, mas de crescimento lento, pois mesmo depois de 20 anos ainda é modesta em tamanho.” Além do Alaska, há cultivos registrados na Florida, Georgia, Illinois, Kansas, Mississippi, Pennsylvania, Tennessee e Virginia.
Meu primeiro exemplar de Siderasis fuscata, proveniente de Morretes-PR, cultivada desde 2005 no vaso de plástico original. Note a ferrugem nas folhas de baixo. |
Os meus dois vasos foram presentes de amigos (ambos com terra, mas pretendo *turfar mais o substrato). Um deles é de barro, obtido através de divisão de risoma, e o outro é de plástico, o mesmo que veio a planta, e é o que mais dá flores, embora as duas plantas estejam quase que exatamente iguais.
As matrizes foram adquiridas em 2005 numa floricultura em Morretes, Paraná, pelo amigo Francisco Rocha, e presenteadas a mim no meio de 2007, e hoje a planta não está muito diferente de quando a ganhei! Tem mais folhas, claro, mas não é um desenvolvimento aparente, pois como é lento, é difícil perceber, por isso faço fotos das plantas! Cultivei meus dois exemplares desde 2008 no mesmo lugar onde estão minhas orquídeas, pegando vento, pouco sol e filtrado 65% e chuva indireta. Pude notar que as flores vinham em menor número e caíam rapidamente, algumas nem abriam, além de secarem rapidamente as folhas maiores – para cada uma ou duas folhas novas uma secava e caia -, resultando numa reformulação, onde sua foliação passou a ser mais grossa, rígida, menor e algumas encavaladas, sugerindo certo defeito, bem como o porte da touceira que diminuiu, ou seja, desenvolveu bem pouco e reduziu o volume! Outra desvantagem do cultivo *outdoor são as doenças transmitidas por fungos muitas vezes residente em outras plantas próximas. No meu caso, ocorreu uma espécie de ferrugem concentrada ao redor das folhas, o que em pouco tempo acaba secando a folha toda.
A nível de proporção, hoje, minha maior muda tem 11 cm de altura, medidos da terra do vaso até a culminância foliar (boa essa ein :o), e ambas com 22 cm de largura obtidos das pontas das maiores folhas.
Acabei migrando elas para junto das Violetas em casa (apartamento), e em duas semanas ela começou a soltar flores aos montes (isso em 10/jan) e até hoje mesmo (26/jan) tem cinco flores para abrirem amanhã logo cedo, e mais outros seis botões por vir concentrados no meio da roseta, logo abaixo das hastes atuais! Somando, essa leva de flores produziu mais de 26, resultando no maior número de proliferação de pseudo-aranhas pelo vaso :o)
Note o ramo de hastes florais secas sobre as folhas. É realmente incrível como aparentam ser aranhas! |
Neste caso, bateu um vento e os ramos secos caíram na mesa, e esse movimento chama a atenção pelo aspecto peçonhento! |
Sugiro lavar bem as mãos em água corrente após manejar a planta, pois mesmo os pequenos pêlos das folhas das Violetas podem causar algumas alergias, imaginem os pêlos robustos da Siderasis ao coçar os olhos?
Em resumo, acredito que essa planta tem a característica instintiva de produzir uma defesa aparente!
A esquerda, a flor que já abriu e fechou, e a direita, dois brotos onde apenas um deles abrirá no dia seguinte. |
Vale lembrar que, se for usar prato em baixo do vaso (geralmente dentro de casa usamos para evitar vazamentos indesejáveis durante a rega), se for de barro, fique tranquilo, mas com um prato de plástico, coloque cascalhos de tijolo picados do tamanho de pedras britas, pois o cascalho fará com que a água não acumule a ponto de prejudicar a planta, ajudando na evacuação do excesso por meio de evaporação (o tijolo, telha, argila expandida etc, suga a água e seca rápido)! Plantas com excesso de água tendem a apodrecer as raízes e a base dos caules das folhas próximas a terra, levando a planta a óbito.
Normalmente as hastes florais vem com dois brotos, mas as flores nunca abrem simultaneamente (ao menos eu nunca presenciei o fato). |
A Siderasis é incrível, pode-se viajar pelas suas formas e jeitos. As flores nascem não todas de uma vez, saem umas, abrem, fecham, no dia seguinte abrem as mesmas, fecham e abrem às vezes no mesmo dia - sim, inexplicavelmente ela tem uma notável vontade própria, faz o que quer com seus frutos -, caem, e saem outras, e por ai vai! Curiosamente misteriosa!
Aqui em Curitiba não é fácil encontrar esta planta rara, mas se acharem em algum lugar, compre sem pensar, ainda mais se você já cultiva Violetas, ai não terá dificuldade alguma! Você terá "a planta" mais misteriosa da sua vida, e um belo vaso durante anos, e seus filhos e netos uma bela herança!
Enfim, deslanchei e falei demais até, como de costume, mas isso flui, e só entenderá quem partilha do mesmo sentimento pelas plantas! Acho que escrevo depois sobre o assunto porque nos últimos anos, talvez com meu amadurecimento, acabei me interessando mais por plantas, em especial as orquídeas. Há mais de 18 anos caminho pelas montanhas, minha praia é o mato, meu mar são os rios e meu sangue com percentuais de alemão e ucraniano talvez tenha tido mais ênfase genético ao bugre vindo da minha avó paterna, pois meu faro é aguçado e percepção muito boa, em como herança, todos meus avós cultivaram e cultivam plantas!
Essa é a Siderasis fuscata, robusta, bela, diferente, curiosa e misteriosa, por Rubens Nemitz Jr.
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Sobre esta magnífica planta, escrevi o pouco que sei, da forma com a qual consigo me expressar! Para dados mais técnicos e completos, acesse minha principal fonte de pesquisa, o blog do amigo Francisco Rocha , o culpado por eu gostar tanto assim da Siderasis, pois foi dele que ganhei o primeiro vaso!
*Taxonomia
Classificação Científica ou apenas Nome Científico.
É o ramo da Biologia e da Botânica que cuida de descrever, identificar e classificar os seres vivos, animais e vegetais. Também é a parte da gramática que trata de classificação das palavras.
*Turfa
É o substrato natural da Mata Atlântica, composto de folhas, galhos e toda matéria vegetal que cai das árvores e plantas e vem com a chuva, são retidas pelas raízes das árvores, criando um acúmulo de matéria orgânica onde a sua decomposição produz o alimento e local ideal para a planta.
Para produzir uma pseudo-turfa em casa com o que achamos no mercado, é necessário misturar fibra de coco (felpas de xaxim é perfeito, mas está em extinção e a venda é proibida), carvão vegetal moído em pequenos pedaços (+-1cm) , casca de pínus moída em pequenos pedaços (+-1cm), produzindo a base do mesmo substrato que usamos no cultivo de vasos para a maioria das orquídeas, porém, com é essencial acrescentar um percentual de cerca de 30% de terra. Mistura tudo isso e temos algo muito próximo da turfa.
*Sombra projetada
Para saber a luminosidade ideal para a maioria das plantas de ambiente interno (indoor), basta notar a projeção da sombra da planta (ou coloque sua mão para projetar a sombra), a qual deve ser claro, pouco densa, enevoada, e não uma luz muito quebrada. Perceba o sol incidindo na sua pele, suave, sem agredir! Esta será a luz ideal.
*Cultivo outdoor
Fora de casa, geralmente em condições naturais e/ou ação do tempo, quintal, recebendo sol, chuva, vento. Indoor é o oposto, ou seja, dentro de casa!
*Vasos
Aqui está uma questão polêmica dentro da minha visão técnica e estética: qual vaso usar para qual planta?
No quesito técnico, e talvez obvio, para plantas que precisam de maior nível de umidade, certamente o vaso de plástico é o mais indicado, pois acumula melhor a água e a rega pode ser menos freqüente! Para plantas que precisam de melhor drenagem, ou seja, não suportam muita umidade por maior tempo o que ocorre apodrecimento de raízes etc, o vaso de barro é o mais indicado!
No quesito estético, não tenho dúvidas que vasos de barro dão show! Se tem uma coisa que me irrita é ver um belo exemplar de orquídea num vaso de plástico! Parece que desmerece a planta! É como comprar uma Mercedes e colocar rodas de Fiat 147. Além dos vasos de barro serem fabricados com matéria prima natural, quanto mais velho, mais verde devido a formação de musgo, vejo que engrandece a planta, pois demonstra algo saudável, natural, como se a planta estivesse feliz por estar nele!
Recomendo que consultem a Lista de Espécies da Lista do Brasil e outros trabalhos atuais. essa planta é bastante rara e se encontra ameaçada de extinção. Trabalho com a família Commelinaceae no Brasile estou trabalhando com o Gênero Siderasis, descrevendo algumas espécies novas e revisando o grupo. Essa planta é endêmica dos municípios do Rio de Janeiro e Niterói.
ResponderExcluirhttp://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/
http://cncflora.jbrj.gov.br/plataforma2/book/especie.php?id=6940