quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Nove do nove de zero nove...

Algo me diz que esta data me fará bem de alguma forma!
Virá um sim no lugar da chuva de nãos, uma ligação de contato, um fechamento de contrato, uma e-mail positivo na resposta do orçamento, uma oportunidade de boa ação a ser feita, uma verdade no lugar de dez mentiras!
Um sorriso vindo do nada, um simples obrigado dito com os olhos, um não chorar hoje, por favor... Me traga uma alegria!
O celular irá tocar com alguém dizendo "pode vir receber que tua grana está aqui", mas não vou imaginar demais a ponto do pagamento estar todo correto, mas que venha algo, já basta!
Que nada disso aconteça, tudo bem, mas por favor, que ao menos antes de ser dia dez alguma boa idéia passe pela minha cabeça, daquelas que resolvem problemas, trazem soluções e colocam sorrisos nas caras certas! Me faça ganhar na loto então, e verá que eu com dinheiro não terei carrão de esticar o pelo, nem casarão de milhão, muito menos plásticas no nariz, armas de fogo, implante na careca e muito menos irei bancar o manda-chuva com os menos favorecidos! Serei o que sou, apenas com um baita equipo para fotografar (claro, quero fazer bonito hoje pra virar história), um offroad pra andar no mato e chegar até minha casa de montanha, com a mulher que puder me amar, meu cachorro grande e amigo, meu café de grão selecionado pra eu mesmo torrar e moer, meu cigarro de palha, antena wifi, sistema de captação de água da chuva, de luz solar e de irrigação, sistema de viver, vontade de sonhar, dinheiro pra comprar a semente de plantar pra colher a felicidade de continuar humilde, poder ajudar, poder se orgulhar... Quero, e não descanso enquanto não chegar a minha chance, pra eu poder construir para todos a oportunidade de ver como é bom poder ter muito e continuar sendo bom, como se ainda tivesse pouco!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

O segundo dos primeiros de setembros de mais de três décadas

Trinte e dois primeiros de setembro, e esse é marcado por uma terça, uma semana, sete dias que deixo de estar sob o mesmo teto do meu maior tesouro.
Eu queria muito falar aqui, agora, sobre meus trinta e poucos, pois tenho até muita coisa pra dizer disso, mas como posso escrever ignorando o que realmente povoa minha cabeça?

Escrever é isso, pra mim... É por pra fora o que sente, sem tropeçar nas virgulas, colocando os pontos, estudando as concordâncias, aplicando sem medo os verbos!

Foi terça passada que meu coração trincou, e nem sei se irá colar tão cedo! Havia cerca de três semanas que eu já encaixotava e transportava de lá pra cá minhas coisas. Tristeza que eu vivi, pois pra cada objeto que entrava numa caixa, havia uma história contada, de como foi parar ali, porque ele existe e pra que foi usado, qual a finalidade, e todo um valor sentimental que qualquer coisa do mundo possa ter... Aqueles dias foram doídos de uma forma que jamais senti! Uma dor raivosa que amedronta, seca, sem volta! Dor que vem e devasta, levando junto coisas de mim, deixando vazios e nós na garganta. Teve um saquinho de parafusos sujos de poeira de buraco de parede que eu lembrei o porquê da existência! Coisas que foram compradas para uma única finalidade, e estavam lá, usadas pela metade, vencidas, outras ainda sem abrir, e algumas que não puderam ser abertas! Também haviam coisas de proposta tentada, mas não conseguida, outras de missões bem sucedidas, vitoriosas, cheias de histórias boas de cumprimento do dever, mas a grande maioria eram restos de tentativas inalcançadas, cabisbaixas condenadas por derrotas obtidas numa guerra de um lado só...

Eu tinha medo de umas coisas, umas caixas, uns pacotes, mas chegou à vez deles. Lá estavam as coisas que eram minhas antes mesmo de assinarmos uma união escrita. Coisas que tirei da minha parede de guri, das minhas prateleiras de menino, feitas a mão de madeira pegas do meu avô, e nunca mais houve chances de expô-las, mesmo eu tendo, enfim, as minhas paredes para furar, eu não podia, não pude, e não mais! Junto, estavam imagens de conquistas lindas, vitoriosas, montanhas escaladas na raça, quadrinhos e enfeites da feirinha, palavras escritas lançadas com carinho sobre uma ou outra foto de fundo, mas esquecidas ao pó, condenadas a permanecer enleadas em jornal. Havia artes escolhidas e feitas a dedo, cujas pobrezinhas foram recusadas. Feitas com carinho sabe, pois não valem nem centavos talvez, mas existe um valor não descrito por cifras. Fotos feitas com pensamentos voltados a um nome, onde a dona simplesmente as deixou ao léu...

Eu chorava de soluçar a cada coisa que eu via, ouvindo os contos que aquelas dezenas de pequenas vozes me contavam, e me tornavam um louco momentâneo, insano de ódio pelo desprezo que cabia ali nas minhas tantas tranqueiras e apetrechos.
Não são insignificantes... Pra mim! Nunca foram, mas eu as calei, fiz errado, pois me guardei o que poderia falar por mim, e pra mim... Eu me joguei dentro das sacolas e caixas! Deixei que o tempo me pusesse a mesma camada de poeira dos objetos todos, as mesmas teias, o mesmo tratamento e importância que tudo isso sempre teve! Igualei-me a tudo, juntei-me e fechei a caixa a qual a minha insignificância coube facilmente dentro, e hoje estou aqui, em pleno primeiro de setembro, chorando pitangas não colhidas, caídas ao chão. Choro, e choro muito pela vida falha onde apostei tudo que tinha, e virei platéia pra ver ir pro ralo, esperanças ao vento, mágoas engolidas, coisas ditas por não ditas, não entendidas, ignoradas.
Terminei, enfim, de trazer todas as muambas entre dezenas de viagens torturantes, onde cada uma delas eu olhava no retrovisor e algo lá atrás me trazia lembranças importantes só pra mim. Senti-me, sinto-me um verdadeiro idiota, derrotado por eu mesmo, um perfeito sonhador capaz até de construir uma família, peitar como pode a vida, e total incapaz de mantê-la para que no final das contas, pudesse ao menos sentir fluir uma fagulha ou outra do sentimento raro chamado amor...
Acabaram as coisas... Eu não sou mais de lá, meu canto lutado e conquistado fora ao chão, e minha bandeira pisoteada!
Eis que ponho-me na porta, de joelhos afim de alcançar o mesmo tamanho da minha pequena, que chorava feito eu. Sangue do meu sangue, ali estava ela, a soluçar, e como mágica, após um longo abraço molhado, colocou a cabeça para trás, olhou nos meus olhos com seus olhinhos vermelhos, queixo franzido, sussurrando com convicção absoluta: Pai, eu amo você!
Ali, o pouco que ainda havia do meu mundo foi ao chão. Faltou ar, perdi a razão, perdi tudo... Naqueles segundos de olhar - prantos e poucas palavras - era como se eu buscasse o céu pela janela querendo ver o sol demorar a fazer a sombra da tarde, para que o tempo pudesse me favorecer e aquele momento pudesse durar mais algumas horas. Eu queria parar toda e completamente a minha vida pra tentar absorver melhor aquilo, e entender realmente o que se passava, mas caí, e me entreguei a dizer o mesmo por várias e várias vezes, pois, enfim, lá estava a prova de que o amor dito de verdade jamais será o escrito, falado, mas sim o sentido, o expressado! Fiquei em pé, e virar as costas me destruiu... Acabou comigo...

Há mais de cinco anos atrás eu descobri um amor de verdade nascendo com ela, e hoje escuto dela a maior retribuição, o maior sentimento humano, que é amar de verdade.
Sou frustrado por não ser amado como homem, e isso me corrói de dentro pra fora, porém, sou o pai mais feliz do mundo, pois tenho a certeza de ter lá com a minha pequena o que preciso de inspiração para viver daqui pra frente, talvez mais uns trinta e dois anos, ensinando a ela a ser filha, ela me ensinando a ser pai, e ambos aprendendo e compartilhando momentos felizes que só pessoas que coração aberto podem ter!

Não sei como será daqui pra frente, pois meus últimos dias só têm somado caos à minha tragédia, mas se até agora eu não desisti de nada na minha vida, se o que eu mais quero nesse mundo é ser feliz de fato, lá vou eu nadar novamente até achar o meu lugar, fincar novamente minha bandeira e fazê-la tremular nem que pra isso eu tenha que soprar pra criar vento! O que me faz feliz hoje é saber que daqui poucos anos, não estarei só mais, pois há no mundo quem jamais me deixará sozinho, disso eu sei, tenho certeza, pois somos um só, pra todo o sempre...

Finalizo dizendo o que na verdade eu gostaria de falar sempre, e como pretendo buscar as cosias agora: Hoje é um primeiro de setembro diferente. Vou jogar metade das minhas coisas fora, renovar, livrar-me do sobrecarregado para tentar ficar mais leve, pois esta data marca o nascimento de um humano predestinado por si a valorizar quem e ao que lhe traga um sorriso, um pequeno desenho num papel recortado torto e amassado, uma gota de esperança dentro dos olhos, umas poucas palavras de afeto, uma migalha de carinho, uma passada de mão no cabelo, um café ralo numa xícara trincada, um simples momento de expressão de verdade! Por mais simples que seja, sempre!

“Acertar sem errar? Eu seria um hipócrita em desafiar a perfeição! Prefiro eu ser o que erra tentando, ao ser mais um que engana a si mesmo para acertar!”
Simples assim...