sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Laelia purpurata alba

Era dia 20 de janeiro de 2011, um dia triplamente especial, pois além de ser o aniversário do meu pai e várias pessoas da família estarem por lá comemorando, tive uma grande surpresa!

Fui no Orquidário Chácara Suíça - onde fui muito bem atendido pela Sra. Zita -, pois eles tem a orquídea Pleurothallis rubens por lá e nada melhor que um presente desses para o meu pai! Foi fato que ele se espantou com o presente, pois não está habituado a ganhar "um vaso de planta", mas tentou ao máximo se interessar por ela, e isso já foi muito gratificante!

Logo depois de entregar o belo presente ao meu pai, como de costume, lancei o olhar para o canto onde ficam minhas orquídeas, era noite, e no meio de todas elas, pude facilmente avista uma única flor aberta, grande e inteira branca, molhada da chuva! Foi espantoso, pois adquiri ela em dezembro de 2010 no Orquidário JR, a planta estava bem pequena ainda e com uma espata precoce, a qual, certamente não deveria vingar pelo fato da planta ser ainda muito jovem - segundo o Sr. José Roberto Thomal disse "a probabilidade da floração é pequena para uma muda tão jovem como esta", e de fato é -, e por isso fiquei feliz demais quando a vi!
Retirei rapidamente o vaso do tempo, e levei-o pra casa, onde ele está com a flor linda até hoje (28/jan), perfumada e incrível!

Esse é o melhor ângulo dela, na minha opinião!
Costumo girar o vaso buscando as formas,
e a elegância sempre impressiona...
A grande vantagem da orquídea estar num vaso é do dono, pois poderá levá-la para um belo cachepô, ou até mesmo ao seu lado sobre a mesa de trabalho, assim como costumo fazer! A lógica biológica da planta consiste em lançar a flor com formas, métodos e odores atraentes o suficiente para seus polinizadores naturais, normalmente as abelhas, que são atraídas pelo perfume da flor, e sob várias táticas que variam para cada planta, os insetos levam o pólem fecundando a orquídea, gerando assim a capsula de sementes! Ao levar a planta para dentro de casa, a vantagem é que com a diminuição da ação do tempo, a flor ganha em durabilidade, porém, seu ciclo natural é parcialmente interrompido!

Essa foi a primeira e inesquecível floração de Purpurata comigo! A flor possui 13cm de diâmetro, toda branca com veias bem finas e visíveis, e o miolo do labelo é amarelado! Perco as contas das vezes que pego o vaso nas mãos e cheiro ela!

Ela desenvolveu rápido demais, pois em dezembro, ainda era um *seedling, e acredito que com a ajuda da rega borrifada com Peter's e Beneroc, ela cresceu forte e rápido, aumentando as chances da espata lançar a flor saudável para fora!

Fiz uma sessão fotográfica dela, claro, e logo que a flor se vá - espero que demore -, vou retirá-la do vaso original de plástico e dar-lhe um belo vaso de barro, pois além das raízes estarem querendo sair pra fora da borda, uma orquídea dessas num vaso de plástico eu não consigo ver!
Assim que eu a envasar adequadamente, farei mais algumas fotos para acompanhar sua evolução, e vou complementando este post conforme o tempo!
Grande abraxxx _o/

*seedling:
Palavra de origem inglesa. Ao pé da letra, seed = sementes, e ling = donzela. A tradução da palavra seedling é "plântula", que significa uma "planta ainda muito nova". Especialistas chamam de seedling uma planta nova que acaba de tornar-se uma pequena muda a partir da germinação da semente! Tecnicamente, uma orquídea é um seedling até o momento que obtém a primeira floração, passando a ser adulta.
Em resumo, o significado mais simples e correto, para o Português do Brasil, é: seedling = muda.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Siderasis fuscata, magnificamente misteriosa!

Falar da Siderasis, além de ser uma honra, é extremamente prazeroso, pois das plantas que tenho, é o xodó, e logo depois vem as Peperômias, Violetas, e outras que ainda nem sei o nome. No topo da minha paixão por plantas, estão as orquídeas, claro.

Taxonomia: Siderasis fuscata (Lodd. et al.) H. E. Moore;
Mundialmente conhecida como: Brown Spiderwort (Erva de Aranha-marrom, ou Toca de Aranha-marrom) e Bear Ears (Orelhas de Urso);
Família: Commelinaceae;
Origem: Sul e Sudeste do Brasil (lá fora, eles classificam a origem como Brasil Oriental).
É catalogada e citada pelos especialistas como erva rizomatosa, formando touceiras, revestida por pilosidade castanho-avermelhada (exceto nas pétalas), sem caule aéreo visível. Inflorescências no centro da roseta de folhas. Ocorre no sub-bosque de florestas, entre 200 e 400m acima do nível do mar. Seu método de propagação é obtido pela divisão de rizomas, tubérculos, bulbos ou touceiras – como queira - (incluindo deslocamentos). Adequada para o cultivo em ambientes fechados, sua necessidades de água é média, mantendo a rega regularmente e não excessiva, e seu crescimento é perene, aglutinando rosetas.
Embora seja cultivada principalmente por suas folhas (recoberta de finos pêlos), a trapoeraba marrom (Brown Spiderwort) tem atraentes flores roxas, de até 1 polegada de diâmetro (2,5 cm). A temperatura ambiente ideal ao cultivo varia de 10 a 24°C, sob alta umidade. Na natureza, vegeta em turfa. É muito utilizada em paisagismo. Devem ser cultivadas apenas em locais à meia-sombra e protegidos, além de serem sensíveis às baixas temperaturas das épocas frias. É recomendada a aplicação de fertilizantes granulosos, deixados sobre a turfa, ao redor do vaso, longe de onde saem as folhas, de preferência no início da primavera. Há quem indique regar com água morna e cal virgem para evitar a coloração das folhas, mantendo assim a planta sempre arbustiva, mas sobre isso vou perguntar aos especialistas para confirmar. Já ouvi falar de regar Violetas com água quente para melhor floração, mas não sei até onde é mito ou realidade (vou confirmar essas coisas e trarei respostas)!



Note as hastes florais com brotos por abrir e outros que
já abriram, fecharam, e talvez voltem a abrir no dia
seguinte ou sejam descartados pela planta.
Os pêlos ocorrem em toda a planta, menos nas flores.
Agora vou falar dela do meu jeito, com base no tanto que pesquisei, e minha experiência com o cultivo desta magnífica e misteriosa planta.
Naturalmente, ela mora na Floresta Atlântica, nas *turfas, provavelmente nos pés de grandes árvores próximas aos vales e montanhas (nas próximas caminhadas, vou andar com olhos atentos), onde a umidade é praticamente permanente! Nas floriculturas, os vendedores referem-se a Siderasis como Violeta Silvestre.
Costumo dizer que as plantas devem ser cultivadas sob métodos caseiros (casa, apartamento, jardim etc) o mais próximo possível das condições naturais da origem da planta! Ai está uma das grandes importâncias de saber o nome correto da planta que temos, pois com isso, o Google ajuda bastante, mostrando onde ela ocorre na natureza, suas origens e até mesmo relatos sobre experiências de métodos de cultivo. Não são regras, pois há orquídeas, por exemplo, que nascem e proliferam em galhos de árvores, mas temos elas em vasos, onde bem cultivadas nos trazem belas flores como as orquídeas do gênero Gomesa, entre outras tantas.
Esta foto em fiz em nov/2007 do mesmo vaso de plástico
que ela está hoje!
Voltando à Siderasis, vamos buscar imitar seu meio de sobrevivência natural. Num quintal, acredito que um *vaso de barro (sim, pois quando ocorrerem flores, você leva o vaso para dentro de casa) logo abaixo de uma grande árvore onde os raios solares possam chegar somente sob grande filtragem das folhas das árvores, e a chuva não é direta, seria um ótimo lugar para uma muda! Quando eu tiver minha casa com árvore, certamente vou testar isso, pois é o máximo que podemos chegar das suas condições naturais! Dentro de casa, estou mantendo meus dois vasos com exposição ao sol do final de tarde filtrado pela cortina (acredito que fica em 75% pela meu cálculo da *sombra projetada), e as vezes deixo passar uma hora de sol direto, pois a reação da planta no sol fraco e rápido de final de tarde, principalmente em sua época de floração (estamos em janeiro, e um dos meus dois vasos não para de florir), tem sido gratificante, pois ela demonstra uma alegria aparente ao receber tal luz! No mais, a sombra é sempre bem vindo, pois tive indícios que muito sol e/ou claridade faz as folhas reduzirem de tamanho e algumas até ficam retorcidas, encavaladas, mais robustas com aspecto mais forte, mas é notável que a planta reduz consideravelmente seu tamanho! Há sombra, a planta irá expandir suas folhas, aumentar o volume da touceira (talvez para captar mais luz, afinal, é assim que as plantas agem), ficará mais bonita! Acredito que sem aquele sozinho filtrado de final de tarde a floração seja mais rara, ou com menos flores, portanto, em resumo, um misto de sombra e claridade filtrada é perfeito!

Há indícios de ocorrência natural nos arredores do Corcovado, Rio de Janeiro, e claro na nossa Serra do Mar, local perfeito para ela, sua origem nativa.
Pelo mundo, há relatos de aficionados pela planta, como um morador de Anchorage, no Alasca: “Há 20 anos atrás, passei num viveiro, vi uma spiderwort solitária, e a trouxe comigo. Dentro de casa, ela prosperou não importava o lugar! Ocasionalmente vinha uma única flor azul e uma ou outra nova folha, sempre lenta. Mudei-me para a Filadélfia, onde a planta fica feliz na luz indireta vinda do leste pela janela do banheiro. Ela claramente gosta de umidade, embora pareça preferir ficar um pouco seca. É uma planta pouco exigente, com forte vontade de viver, mas de crescimento lento, pois mesmo depois de 20 anos ainda é modesta em tamanho.” Além do Alaska, há cultivos registrados na Florida, Georgia, Illinois, Kansas, Mississippi, Pennsylvania, Tennessee e Virginia.
Meu primeiro exemplar de Siderasis
fuscata
, proveniente de Morretes-PR,
cultivada desde 2005 no vaso de
plástico original.
Note a ferrugem nas folhas de baixo.

Os meus dois vasos foram presentes de amigos (ambos com terra, mas pretendo *turfar mais o substrato). Um deles é de barro, obtido através de divisão de risoma, e o outro é de plástico, o mesmo que veio a planta, e é o que mais dá flores, embora as duas plantas estejam quase que exatamente iguais.
As matrizes foram adquiridas em 2005 numa floricultura em Morretes, Paraná, pelo amigo Francisco Rocha, e presenteadas a mim no meio de 2007, e hoje a planta não está muito diferente de quando a ganhei! Tem mais folhas, claro, mas não é um desenvolvimento aparente, pois como é lento, é difícil perceber, por isso faço fotos das plantas! Cultivei meus dois exemplares desde 2008 no mesmo lugar onde estão minhas orquídeas, pegando vento, pouco sol e filtrado 65% e chuva indireta. Pude notar que as flores vinham em menor número e caíam rapidamente, algumas nem abriam, além de secarem rapidamente as folhas maiores – para cada uma ou duas folhas novas uma secava e caia -, resultando numa reformulação, onde sua foliação passou a ser mais grossa, rígida, menor e algumas encavaladas, sugerindo certo defeito, bem como o porte da touceira que diminuiu, ou seja, desenvolveu bem pouco e reduziu o volume! Outra desvantagem do cultivo *outdoor são as doenças transmitidas por fungos muitas vezes residente em outras plantas próximas. No meu caso, ocorreu uma espécie de ferrugem concentrada ao redor das folhas, o que em pouco tempo acaba secando a folha toda.
A nível de proporção, hoje, minha maior muda tem 11 cm de altura, medidos da terra do vaso até a culminância foliar (boa essa ein :o), e ambas com 22 cm de largura obtidos das pontas das maiores folhas.
Acabei migrando elas para junto das Violetas em casa (apartamento), e em duas semanas ela começou a soltar flores aos montes (isso em 10/jan) e até hoje mesmo (26/jan) tem cinco flores para abrirem amanhã logo cedo, e mais outros seis botões por vir concentrados no meio da roseta, logo abaixo das hastes atuais! Somando, essa leva de flores produziu mais de 26, resultando no maior número de proliferação de pseudo-aranhas pelo vaso :o)

Note o ramo de hastes florais secas sobre as folhas.
É realmente incrível como aparentam ser aranhas!
O apelido Orelha de Urso devido às folhas robustas e peludas é notável, mas o de Toca de Aranha Marrom assusta! É importante lembrar que a Siderasis não abriga a nossa tão conhecida e temida inimiga peçonhenta (ao menos não há registros disso), levando o apelido apenas por “aparentar” aranhas entocadas, pois ela acumula hastes e casulos florais secos por cima das folhas, os quais acabam deslizando com o tempo até a base da roseta, acumulando todos esses resíduos na terra! Quando secos, parecem muito com aranhas, em formato, cor e tudo mais! Eu mesmo, sabendo que a planta é inofensiva, quando fui fazer as fotos, bateu um ventinho e derrubou um ramo ceco em cima da minha mão e levei o maior susto!

Neste caso, bateu um vento e os ramos secos caíram na mesa,
e esse movimento chama a atenção pelo aspecto peçonhento!
Sobre seu aspecto natural tenebroso aos olhos destreinados e desacostumados, tenho uma teoria: Assim como ocorrem nos vasos, na natureza há acúmulos das hastes e casulos florais secos na sua base e por cima das folhas, imitando aranhas peludas entocadas. Li algo sobre chimpanzés gostarem de algumas espécies de Comelináceas, consumindo suas suculentas folhas como uma iguaria formidável! Temos várias espécies de macacos na nossa Serra do Mar, e embora eu não tenha encontrado algum registro do predador natural da Siderasis, acredito que ele exista, o que justifica, de certa forma, seu aspecto aracno-sugestivo! Embora aparente uma película protetora de pequeninos alfinetes, os pelos nas folhas, assim como em várias outras espécies de plantas, acredito que tenham a função de captação de gotículas de água trazidas por nevoeiros, o que garante água em épocas de estiagem.
Sugiro lavar bem as mãos em água corrente após manejar a planta, pois mesmo os pequenos pêlos das folhas das Violetas podem causar algumas alergias, imaginem os pêlos robustos da Siderasis ao coçar os olhos?
Em resumo, acredito que essa planta tem a característica instintiva de produzir uma defesa aparente!

A esquerda, a flor que já abriu e fechou, e a direita,
dois brotos onde apenas um deles abrirá no dia seguinte.
Quem a cultiva diz que ela ama chuva, portanto, se puder levar elas as vezes para um banho de pingos que não a agridam, será ótimo (lembre-se que na natureza ela recebe alguns poucos pingos das árvores, e a maioria da rega a obtida através da umidade do solo). Como com o tempo a tendência é ela cobrir todo o vaso, ficará difícil a rega, portanto, cuide bem ao afastar as folhas, pois elas são bem suculentas como as Violetas, embora mais robustas, e podem quebrar (um bico de chaleira é ótimo pra isso, ou um regador daqueles com cara de beija-flor). Um bom método para saber se há necessidade de rega é colocar o dedo na terra e sentir se está seca ou úmida.

Vale lembrar que, se for usar prato em baixo do vaso (geralmente dentro de casa usamos para evitar vazamentos indesejáveis durante a rega), se for de barro, fique tranquilo, mas com um prato de plástico, coloque cascalhos de tijolo picados do tamanho de pedras britas, pois o cascalho fará com que a água não acumule a ponto de prejudicar a planta, ajudando na evacuação do excesso por meio de evaporação (o tijolo, telha, argila expandida etc, suga a água e seca rápido)! Plantas com excesso de água tendem a apodrecer as raízes e a base dos caules das folhas próximas a terra, levando a planta a óbito.

Normalmente as hastes florais vem com dois brotos, mas
as flores nunca abrem simultaneamente (ao menos eu
nunca presenciei o fato).
Dias atrás, abri a porta de casa e lá estavam cinco flores! Fiquei feliz pra caramba, pois foi a maior floração que já presenciei! Era final de tarde de um grande dia de trabalho, eu estava com fome, fui tomar um banhão, fiz um mega cafezão, e cerca de 1h depois fui fotografar a planta, e adivinha? As flores estavam fechadas.

A Siderasis é incrível, pode-se viajar pelas suas formas e jeitos. As flores nascem não todas de uma vez, saem umas, abrem, fecham, no dia seguinte abrem as mesmas, fecham e abrem às vezes no mesmo dia - sim, inexplicavelmente ela tem uma notável vontade própria, faz o que quer com seus frutos -, caem, e saem outras, e por ai vai! Curiosamente misteriosa!

Aqui em Curitiba não é fácil encontrar esta planta rara, mas se acharem em algum lugar, compre sem pensar, ainda mais se você já cultiva Violetas, ai não terá dificuldade alguma! Você terá "a planta" mais misteriosa da sua vida, e um belo vaso durante anos, e seus filhos e netos uma bela herança!
Enfim, deslanchei e falei demais até, como de costume, mas isso flui, e só entenderá quem partilha do mesmo sentimento pelas plantas! Acho que escrevo depois sobre o assunto porque nos últimos anos, talvez com meu amadurecimento, acabei me interessando mais por plantas, em especial as orquídeas. Há mais de 18 anos caminho pelas montanhas, minha praia é o mato, meu mar são os rios e meu sangue com percentuais de alemão e ucraniano talvez tenha tido mais ênfase genético ao bugre vindo da minha avó paterna, pois meu faro é aguçado e percepção muito boa, em como herança, todos meus avós cultivaram e cultivam plantas!

Essa é a Siderasis fuscata, robusta, bela, diferente, curiosa e misteriosa, por Rubens Nemitz Jr.

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Sobre esta magnífica planta, escrevi o pouco que sei, da forma com a qual consigo me expressar! Para dados mais técnicos e completos, acesse minha principal fonte de pesquisa, o blog do amigo Francisco Rocha , o culpado por eu gostar tanto assim da Siderasis, pois foi dele que ganhei o primeiro vaso!

*Taxonomia

Classificação Científica ou apenas Nome Científico.
É o ramo da Biologia e da Botânica que cuida de descrever, identificar e classificar os seres vivos, animais e vegetais. Também é a parte da gramática que trata de classificação das palavras.

*Turfa
É o substrato natural da Mata Atlântica, composto de folhas, galhos e toda matéria vegetal que cai das árvores e plantas e vem com a chuva, são retidas pelas raízes das árvores, criando um acúmulo de matéria orgânica onde a sua decomposição produz o alimento e local ideal para a planta.
Para produzir uma pseudo-turfa em casa com o que achamos no mercado, é necessário misturar fibra de coco (felpas de xaxim é perfeito, mas está em extinção e a venda é proibida),
carvão vegetal moído em pequenos pedaços (+-1cm) casca de pínus moída em pequenos pedaços (+-1cm), produzindo a base do mesmo substrato que usamos no cultivo de vasos para a maioria das orquídeas, porém, com é essencial acrescentar um percentual de cerca de 30% de terra. Mistura tudo isso e temos algo muito próximo da turfa.

*Sombra projetada

Para saber a luminosidade ideal para a maioria das plantas de ambiente interno (indoor), basta notar a projeção da sombra da planta (ou coloque sua mão para projetar a sombra), a qual deve ser claro, pouco densa, enevoada, e não uma luz muito quebrada. Perceba o sol incidindo na sua pele, suave, sem agredir! Esta será a luz ideal.

*Cultivo outdoor
Fora de casa, geralmente em condições naturais e/ou ação do tempo, quintal, recebendo sol, chuva, vento. Indoor é o oposto, ou seja, dentro de casa!

*Vasos

Aqui está uma questão polêmica dentro da minha visão técnica e estética: qual vaso usar para qual planta?
No quesito técnico, e talvez obvio, para plantas que precisam de maior nível de umidade, certamente o vaso de plástico é o mais indicado, pois acumula melhor a água e a rega pode ser menos freqüente! Para plantas que precisam de melhor drenagem, ou seja, não suportam muita umidade por maior tempo o que ocorre apodrecimento de raízes etc, o vaso de barro é o mais indicado!
No quesito estético, não tenho dúvidas que vasos de barro dão show! Se tem uma coisa que me irrita é ver um belo exemplar de orquídea num vaso de plástico! Parece que desmerece a planta! É como comprar uma Mercedes e colocar rodas de Fiat 147. Além dos vasos de barro serem fabricados com matéria prima natural, quanto mais velho, mais verde devido a formação de musgo, vejo que engrandece a planta, pois demonstra algo saudável, natural, como se a planta estivesse feliz por estar nele!

sábado, 22 de janeiro de 2011

A humanidade está "evoluindo" sua espécie, para um ser qualquer, sem coração...

Vou fazer uma pergunta aos poucos seres humanos que ainda existem nesse planeta, e respondam com rara sinceridade, esta que nasceu com alguns de vocês:
Foto feita no dia seguinte [23/jan], onde houve outra
 tempestade de grande escala.
É fácil olhar pessoas precisando de ajuda e não fazer droga alguma? Quase 200 pessoas nas janelas assistindo 15 trabalhando para salvar as coisas, e só porque seu apartamento ou sua casa não entra água, não sofre com o clima, e seu carro está numa vaga que não enche de água?
Sério, eu tento me colocar no lugar dessas pessoas frias, para entender como é ver de perto e ter a frieza de ficar de fora, como se o problema não fosse seu!

Hoje, acredito que temos 3 tipos de seres humanos:
- Ser humano do mal (45%): Vivem pra si mesmo, pouco importa quem está a sua volta, dane-se, tira o seu da reta e o resto é resto! Geralmente são bem sucedidos financeiramente, mascaram coisas boas, quando na verdade possuem uma vida de plástico, e por serem incapazes de fazer o bem, resolvem acabar com os menores, esmagando o que podem, como se estivessem literalmente eliminando os inimigos numa guerra!
- Ser humano moita (45%): Esse é aquele que não influi nem contribui! É o ponto flutuante da coisa, não ajuda mas não atrapalha, e acha que faz o bem pelo simples motivo de não estar fazendo o mal! Daqueles que só ajuda se alguém pedir, só faz se realmente não tiver outra saída, enfim, o moita!
- Ser humano do bem (10%): Faz o bem, é do bem, nasceu com isso! Não espera alguém pedir, o senso de ajuda flui dele, é inevitável fazer algo para ajudar, não consegue ver o bicho pegando sem fazer algo para ajudar, e se deixar de fazer, ficará dias sem dormir por conta disso, pensando "Pouts, eu poderia ter ajudado aquela pessoa! Eu poderia ter apagado aquele fogo! Eu poderia ter feito algo..." Busca ser a solução que espera ver no mundo, simples assim!

A maioria das pessoas são do mal, só pode (procuro não pensar assim, mas é o que o mundo mostra)! Outras pensam que são do bem só porque acham que não fazer o mal já é suficiente? E menos de 10% é do bem, faz coisas pra melhorar o mundo, e ainda tem que combater a maldade de outros!
Porque eu estou falando isso tudo?Em setembro de 2007, na maior catástrofe que o fogo causou na nossa Serra do Mar, estávamos em poucos, cerca de 50 montanhistas que largaram tudo para estar lá naquele caos, e cerca de 50 bombeiros que faziam o que podiam para apagar o fogo! O Bial chama os BBB's de heróis por ficarem presos numa casa para ganhar um milhão de real's? Deveria pesquisar mais sobre heróis...
Catástrofes climáticas vem ocorrendo aos montes no mundo, e no Brasil - um país onde o clima é mais pacífico a nível mundial - já estamos sofrendo com as mudanças climáticas, causadas pelo homem, estes que provavelmente estão inclusos nos 45% + 45% citados acima!
Esse é o amigo Lineu Filho,
montanhista e fotógrafo.

Hoje, aqui no condomínio onde moro, me uni aos bons e ajudei a minimizar o caos causado pela chuva torrencial que atingiu algumas regiões de Curitiba! Não vou ficar contando vantagem das coisas que fiz, não é assim que funciona, pois não me sinto herói que conta vantagem, mas uma pessoa que faz o bem, e vivo feliz por isso! O que me irritou, novamente, foi os quase 200 moradores, debruçados em suas janelas, espectadores tranquilos, enquanto 15 lutavam para minimizar a fúria das forças da natureza! No incêndio, nos momentos de descanso, dava para fotografar algo! Hoje, queria ter fotografado, inclusive para o concurso onde o tema é Clima, mas além de não ter dado tempo, optei por largar a câmera e pegar um rodo, e por isso ilustrei a matéria com as imagens do combate ao fogo.
Acampamento base dos montanhistas que
lá estavam lutando contra o fogo.
Em 2007, depois que o fogo já havia sido controlado, chegou um ônibus com os almofadinhas da montanha, que embrenharam pelas trilhas para registrar o caos, e sujavam seus rostos de carvão para dar entrevistas para a RPC dizendo como foi difícil e trabalhosa a tarefa de apagar aquele fogo todo! Levar vantagem em cima do trabalho exaustivo e sem limites que as pessoas do bem fizeram não é o pior! O pior mesmo é ficar em casa vendo o noticiário e comendo pipoca ao invés de ir defender o local onde vai caminhar nos finais de semana! Há registros também de um monte de "montanhistas" que estavam escalando vias no Anhangava e São Luis do Purunã enquanto o fogo acabava com a mata nativa do Ibitiraquire.
Numa ida pro Ananhagava, ouvi alguns desses montanhistas almofadinhas dizerem "que droga, agora temos que ir pra outras montanhas, pois o fogo acabou com o Caratuva, e vai demorar pra recuperar!" Sem comentários...

Isso que escrevo pode parecer coisa de "cara revoltadinho", mas não! Se você pensou isso, provavelmente ou és do mal ou mais um moita assumido, então, reveja seus conceitos humanos, faça uma alto-análise e tente entender melhor as coisas! Se mesmo assim tu acha que está apenas lendo um texto revolto - se é que sua leitura chegou até aqui -, ótimo, feche esta página e esqueça, pois você será sempre o que espera pra si mesmo, pequeno, hipócrita, medíocre, e só!
Sério, há tempos eu me deparo com situações desse tipo! Na hora, penso só em ajudar, e não me preocupo com quem quer apenas olhar, ou falar sobre sem fazer algo pra ajudar, mas depois que tudo acalma, me bate essa tristeza, tal como uma decepção, talvez até sinta vergonha por eles. Mas hoje eu tive a plena convicção que o ser humano está "evoluindo" sua espécie, para um ser qualquer, sem coração...

Sobre o clima do planeta, escrevi algo que julgo conveniente para o momento:
"O mundo está mudando! A natureza reage, dentro do que resta, buscando vida! O homem desprovido de cultura suficiente, ataca pelos flancos, e o planeta não pode deixar suas defesas caírem, e não o fará. A era dos homens não se acabará, mas onde pisamos, o que respiramos, para onde olhamos já não é mais como antes, e será diferente a cada passo da ignorante, inconsequente, impune e desonesta humanidade atual..."
Rubens Nemitz Jr
Desculpa o desabafo, mas passou dos limites, e eu preciso escrever, já que minha educação não permite falar algumas verdades para pessoas que não merecem minha atenção.
Obrigado _o/

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Plantas. Seres vivos para seres humanos!

Há alguns anos, dez ou mais talvez, comecei a olhar de uma forma diferente para as plantas. Montanhista, defensor da natureza, sempre fui daquele de olhar muito bem para não pisar em algo vivo pelo chão da mata! Mas um certo dia eu quis saber o nome científico do Palmito durante um replantio que fazíamos na Serra do Mar. Uma planta tão nobre como aquela, e tão depredada irregularmente por homens sem cultura, merecia ser chamada ao menos de Euterpe edulis.
Eu era estagiário e voluntário no Marumbi, e ao redor do alojamento, haviam várias ervas, e conhecê-las era importante para não fazer o chá errado. Era época de faculdade, e meu projeto era no Parque Estadual do Marumbi.
A sim, sou formado Analista de Sistemas, acreditem!
No ultimo ano de faculdade, entrei numa empresa meio governo, meio autônoma, e lá haviam vasos feios pra todo lado, um local grande com terra lotada de tranças de Jibóia (Epipremnum pinnatum), bem judiadas, brancas de cochonilha, um ser inteligente que entende muito de plantas, um maluco que não entendia muito mas queria entender e eu com esses tipos de amigos! Hehehe!
Enfim, os vasos ficaram melhores, o grande local de terra ficou mais verde e variado, sem as pragas, a empresa ficou mais bacana e o conhecimento melhorou junto com o interesse pelas plantas!
Entre tantas ornamentais, e outras pequenas e belas aos meu olhos, tais como as Peperomia's, Violetas, várias suculentas e outras tantas espécies bonitinhas, uma espécie logo tomou seu lugar na paixão pelas plantas. Um certo dia ganhei de um amigo uma muda de uma tal Violeta Silvestre, robusta, estranha, mas bonita. Não dei muita bola, fato, mas o dia que vieram as flores, a coisa mudou totalmente! Ali estava a Siderasis fuscata, com seu aspecto de urso, controle no jogo magnífico e curioso do abre e fecha de suas flores, enfim, a planta misteriosa!
"Pensar... Treinar os olhos a enxergar o que há em volta, nos mínimos detalhes
do que é mais simples, na beleza do raro silêncio, no som da folha seca que
cai no chão... Vejo de longe o que estava perto, fico próximo do que não notava.
Busco a importância nas coisas, no limite do entendimento, e acabo achando
um pouco de muito no meu pequeno mundo de ilusão. Lacunas filosóficas que
proporcionam inspiração, seja para falar ao vento sobre esse meu tormento,
ou para uma foto que nasce diante um conturbado espasmo de solidão..."
Rubens Nemitz Jr
Desde então, encontrei o que faltava na minha vida para que eu pudesse ter alguns bons e raros momentos de paz e satisfação, afinal, as plantas precisam do cultivo do dono, e essa aprendizagem é algo excelente para elas, e vital para quem desenvolve a cultura, o respeito, o amor por seres tão vulneráveis, ameaçados pelo homem.
Numa caminhada para o Pico Paraná, ao contornar o Caratuva pela trilha da bica, passamos por um túnel de Sophronitis coccinea, floridas (julho/2007), e o deslumbre foi fantástico.
Em 2008, no incêndio que devastou o Morro do Caratuva (Serra do Ibitiraquire, Paraná), eu e o Marcio fomos voluntários por 2 dias inteiros! Lutamos contra as chamas, e tivemos momentos de extremo perigo (sim, quase não voltamos, pois o fogo nos cercou), e de tristeza, pois não conseguimos salvar dezenas de exemplares de Sophronitis Cernua, orquídea da região daquela Serra, e quase extinta na natureza. As que conseguimos, fizemos a reposição, e duas touceiras trouxemos pra casa para tentar salvar, mas elas foram muito danificadas pelo fogo, e não resistiram! Ai estava o start do interesse por orquídeas.
Um certo dia, numa ida para o Morro do Canal, numa caminhada bem boa e longa, encontramos algumas espécies de orquídeas na natureza, e em abundância, e lembro bem do manto de Maxilaria's, uma epífita dando uma de rupícola, cobrindo as pedras da encosta na Torre do Vigia!
Enfim, contatos com as plantas pra lá e pra cá, e hoje as orquídeas são uma paixão a parte, pra não dizer um vício, esse, ao menos saudável!
Com tantas coisas boas que posso falar sobre gostar de plantas, infelizmente tem uma coisa que não é nada boa, é ruim, péssima, e machuca: morar em apartamento, assim como eu, que tenho que manter meu jardim e meu orquidário na casa dos meus pais, longe do dono! Meus pais gostam, pois além de ser bonito, o filho deles mantém uma regularidade maior de visitas :o)

Esta é uma pequenina história, a qual escrevi para demonstrar o lado bom de cultivar plantas. Acredito que se ao menos todos pensássemos o tanto de benefícios que nós humanos temos por causa das plantas que existem no planeta, com certeza ao menos o respeito por elas iria aumentar, e quem sabe até mais e mais amantes e praticantes dessa cultura.