quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Plantas. Seres vivos para seres humanos!

Há alguns anos, dez ou mais talvez, comecei a olhar de uma forma diferente para as plantas. Montanhista, defensor da natureza, sempre fui daquele de olhar muito bem para não pisar em algo vivo pelo chão da mata! Mas um certo dia eu quis saber o nome científico do Palmito durante um replantio que fazíamos na Serra do Mar. Uma planta tão nobre como aquela, e tão depredada irregularmente por homens sem cultura, merecia ser chamada ao menos de Euterpe edulis.
Eu era estagiário e voluntário no Marumbi, e ao redor do alojamento, haviam várias ervas, e conhecê-las era importante para não fazer o chá errado. Era época de faculdade, e meu projeto era no Parque Estadual do Marumbi.
A sim, sou formado Analista de Sistemas, acreditem!
No ultimo ano de faculdade, entrei numa empresa meio governo, meio autônoma, e lá haviam vasos feios pra todo lado, um local grande com terra lotada de tranças de Jibóia (Epipremnum pinnatum), bem judiadas, brancas de cochonilha, um ser inteligente que entende muito de plantas, um maluco que não entendia muito mas queria entender e eu com esses tipos de amigos! Hehehe!
Enfim, os vasos ficaram melhores, o grande local de terra ficou mais verde e variado, sem as pragas, a empresa ficou mais bacana e o conhecimento melhorou junto com o interesse pelas plantas!
Entre tantas ornamentais, e outras pequenas e belas aos meu olhos, tais como as Peperomia's, Violetas, várias suculentas e outras tantas espécies bonitinhas, uma espécie logo tomou seu lugar na paixão pelas plantas. Um certo dia ganhei de um amigo uma muda de uma tal Violeta Silvestre, robusta, estranha, mas bonita. Não dei muita bola, fato, mas o dia que vieram as flores, a coisa mudou totalmente! Ali estava a Siderasis fuscata, com seu aspecto de urso, controle no jogo magnífico e curioso do abre e fecha de suas flores, enfim, a planta misteriosa!
"Pensar... Treinar os olhos a enxergar o que há em volta, nos mínimos detalhes
do que é mais simples, na beleza do raro silêncio, no som da folha seca que
cai no chão... Vejo de longe o que estava perto, fico próximo do que não notava.
Busco a importância nas coisas, no limite do entendimento, e acabo achando
um pouco de muito no meu pequeno mundo de ilusão. Lacunas filosóficas que
proporcionam inspiração, seja para falar ao vento sobre esse meu tormento,
ou para uma foto que nasce diante um conturbado espasmo de solidão..."
Rubens Nemitz Jr
Desde então, encontrei o que faltava na minha vida para que eu pudesse ter alguns bons e raros momentos de paz e satisfação, afinal, as plantas precisam do cultivo do dono, e essa aprendizagem é algo excelente para elas, e vital para quem desenvolve a cultura, o respeito, o amor por seres tão vulneráveis, ameaçados pelo homem.
Numa caminhada para o Pico Paraná, ao contornar o Caratuva pela trilha da bica, passamos por um túnel de Sophronitis coccinea, floridas (julho/2007), e o deslumbre foi fantástico.
Em 2008, no incêndio que devastou o Morro do Caratuva (Serra do Ibitiraquire, Paraná), eu e o Marcio fomos voluntários por 2 dias inteiros! Lutamos contra as chamas, e tivemos momentos de extremo perigo (sim, quase não voltamos, pois o fogo nos cercou), e de tristeza, pois não conseguimos salvar dezenas de exemplares de Sophronitis Cernua, orquídea da região daquela Serra, e quase extinta na natureza. As que conseguimos, fizemos a reposição, e duas touceiras trouxemos pra casa para tentar salvar, mas elas foram muito danificadas pelo fogo, e não resistiram! Ai estava o start do interesse por orquídeas.
Um certo dia, numa ida para o Morro do Canal, numa caminhada bem boa e longa, encontramos algumas espécies de orquídeas na natureza, e em abundância, e lembro bem do manto de Maxilaria's, uma epífita dando uma de rupícola, cobrindo as pedras da encosta na Torre do Vigia!
Enfim, contatos com as plantas pra lá e pra cá, e hoje as orquídeas são uma paixão a parte, pra não dizer um vício, esse, ao menos saudável!
Com tantas coisas boas que posso falar sobre gostar de plantas, infelizmente tem uma coisa que não é nada boa, é ruim, péssima, e machuca: morar em apartamento, assim como eu, que tenho que manter meu jardim e meu orquidário na casa dos meus pais, longe do dono! Meus pais gostam, pois além de ser bonito, o filho deles mantém uma regularidade maior de visitas :o)

Esta é uma pequenina história, a qual escrevi para demonstrar o lado bom de cultivar plantas. Acredito que se ao menos todos pensássemos o tanto de benefícios que nós humanos temos por causa das plantas que existem no planeta, com certeza ao menos o respeito por elas iria aumentar, e quem sabe até mais e mais amantes e praticantes dessa cultura.

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